top of page

"EU NÃO TENHO MAIS PACIÊNCIA PARA FILMES DE HERÓI"

Carlos Alberto Zardo Júnior, mais conhecido como Zardo, tem 47 anos e apresenta um currículo vasto. Formado em Administração com ênfase em Comércio Exterior pela Universidade São Judas, realizou ainda duas pós-graduações. A primeira em Administração da Comunicação Social com ênfase em Marketing e Propaganda, na FECAP, e a segunda em Gestão Estratégica de Embalagens, na ESPM. Mais tarde, ainda concluiu um Mestrado em Design pela Anhembi Morumbi. 

 

Além de empresário, professor, consultor de Customer Experience e músico, Zardo ainda é um ávido leitor de HQs desde a infância.  

 

Dono de um acervo gigantesco de quadrinhos, ele acumula muito conhecimento acerca do mundo das HQs, mas também consegue trocar uma boa ideia quando o assunto é filmes de super-heróis, mesmo com algumas opiniões consideradas polêmicas

Imagem_ Carlos Zardo_WhatsApp (1).jpg

1. Com que idade começou a ler HQs? Você se lembra de qual foi a primeira que leu?

 

R: Eu não lembro exatamente com que idade comecei a ler HQs, ou mesmo qual foi a primeira HQ que li. Mas lembro de sempre ter gibis em casa que não necessariamente pertenciam à Marvel ou à DC. Grande parte deles, na verdade, pertenciam a outras coleções, como Mandrake, Tex, Luluzinha e Turma da Mônica. 

 

Mas entre as HQs relacionadas a heróis, duas me impactaram bastante. A primeira foi "Crise nas Infinitas Terras", publicada em doze edições entre os anos de 1985 e 1986. Na época, achei muito interessante a ideia daquilo ser um evento gigantesco, com tramas sendo complementadas em outras edições e com personagens originários de outras HQs aparecendo na história. 

E a segunda foi "Cavaleiro das Trevas", escrita por Frank Miller e publicada em 1986. Essa HQ fez minha cabeça explodir.

Imagem: Carlos Zardo/WhatsApp

Por Vitor Marques

2. Quais foram as cinco melhores HQs, sejam elas da Marvel ou DC, que já leu?

 

R: Bem provável que eu cite mais de cinco HQs, pois é uma lista difícil de se fazer. Mas falando por cima, temos algumas, que não seguem especificamente uma ordem: 

3. Qual é o seu super-herói favorito?

 

R: Por mais que tenha o Batman tatuado no braço, meu super-herói favorito, surpreendentemente, é o Asa Noturna. Ele é um personagem que gosto muito por apresentar diversas nuances. 

Ainda assim, eu não cheguei a assistir à série "Titãs" (que tem o Asa Noturna como um dos protagonistas e pode ser assistida aqui no Brasil através da Netflix), justamente porque tenho medo do que podem fazer com este personagem que gosto tanto. 

 

Já fizeram tanta besteira com o Batman no passado, né? Vai saber o que podem fazer com o Asa Noturna também. 

Imagem_ Carlos Zardo_WhatsApp (2).jpg

Imagem: Carlos Zardo/WhatsApp

Imagem: Carlos Zardo/WhatsApp

4. Considerando o seu repertório como leitor de HQs, qual editora você acha que produz os melhores materiais, Marvel ou DC?

 

R: Honestamente, ambas produzem materiais bem legais. Porém, como estamos falando de HQs, eu gosto mais das que são feitas pela DC

 

É claro que vale ressaltar a presença de outras editoras tão competentes quanto, como a Dark Horse e a Image Comics, que também produzem histórias muito interessantes. 

 

Mas analisando até mesmo as minhas respostas anteriores, quando cito as melhores HQs que já li, ou mesmo meu super-herói favorito, é possível identificar uma soberania da DC perante a Marvel

5. O que pensa a respeito da diversidade cada vez maior entre os heróis das HQ's? 

 

R: Essa discussão é válida até mesmo para o mundo além dos super-heróis, mas como neste caso estamos apenas falando deles, creio que essa representatividade seja super importante. Não só a pluralidade de gêneros e a pluralidade sexual, como também a pluralidade racial

 

Obviamente, existem alguns processos em que as mudanças talvez sejam muito forçadas ou poderiam ser executadas de outra maneira, visto que elas sempre acabam gerando um "mimimi" entre os fãs. 

 

Contudo, recentemente eu li que o Jon Kent, filho do Clark Kent (Super-Homem), será bissexual nas novas HQs, e eu achei isso super legal. Sobretudo porque acho importante que um personagem já venha originalmente com essa proposta e essência. 

 

Sou mais favorável a isso do que simplesmente pegarem um personagem que já existe no imaginário dos fãs com certas "características", e implementarem algumas mudanças puramente pela questão da representatividade. 

6. Qual das duas empresas você acha que produz os melhores filmes, Marvel ou DC?

 

R: Em relação a essa pergunta, não há muito o que dizer. Pelo menos por gosto popular, a Marvel saiu bem na frente. 

 

Nos últimos dois anos, até tivemos boas produções por parte da DC, como "Coringa" e a "Liga da Justiça do Zack Snyder", que foram bem recebidas por crítica e público. 

 

Apesar disso, a DC comete muitos erros com os seus filmes, principalmente quando pensa em reaproveitar recursos dos filmes que deram certo em filmes que ainda serão lançados

 

Certos produtores deveriam aprender que quando contamos uma história, deveríamos apenas viver com ela, e acabou.

 

 

7. Qual é o seu filme de super-herói favorito?

 

R: Por mais que acredite que a Marvel está à frente da DC nos cinemas, o meu filme de super-herói favorito é "Batman - O Cavaleiro das Trevas", que foi lançado em 2008 e dirigido pelo Christopher Nolan. É um filme bem "redondinho", bem "fechadinho" e muito legal. 

Imagem_ Carlos Zardo_WhatsApp (3).jpg

8. Acredita que o sucesso comercial gigantesco dos filmes de super-herói fez com que mais pessoas se interessassem pelas HQs desses mesmos super-heróis?

 

R: Para responder a esta pergunta, devemos sempre analisar o processo de criação do indivíduo. Ou seja, caso se trate de alguém que cresceu acostumado a ler, é muito provável que essa pessoa também se interesse pela leitura de HQs

 

Porém, caso estejamos lidando com uma pessoa que não gosta muito de ler, as chances dela ir atrás do material original e lê-lo por conta própria são bem menores

 

Desta forma, por mais que a leitura dessas obras abra um leque de oportunidades para o conhecimento, e que elas próprias sejam grandes ferramentas de divulgação dos filmes, tudo no final das contas se baseia em como "fulano" ou "ciclano" foi criado e em como ele vai reagir a tudo isso.  

9. Ainda em relação à pergunta anterior, acredita que os filmes de super-herói já estão saturados? 

 

R: Não sei se os filmes de super-herói já estão saturados, mas fato é que eu não tenho mais paciência para filmes de herói. 

 

Simplesmente porque todos eles seguem a clássica fórmula da "Jornada do Herói" (desenvolvida por Joseph Campbell na obra "O Herói de Mil Faces"), seja isso em apenas um filme, ou em uma composição de três filmes. No final das contas, o modelo sempre acaba sendo o mesmo, e isso me cansou. 

 

Tanto que há dois filmes de super-herói muito bem recebidos pela crítica que eu não gostei: "Mulher-Maravilha", de 2017, e "Pantera Negra", de 2018. Honestamente, achei que a estrutura narrativa de ambos foi "mais do mesmo". 

 

Talvez o único filme de herói que tenha chamado minha atenção nos últimos anos seja "Doutor Estranho", que foi lançado em 2016. Mas isso se devia muito mais à construção visual fantástica que ele entregava, do que propriamente à trama dos personagens.  

 

Sendo assim, de forma geral, estou cansado dos filmes de herói pois todos seguem o mesmo modelo e a mesma lógica de narrativa, o que torna toda a experiência de assisti-los completamente cansativa. 

Imagem_ Carlos Zardo_WhatsApp (4).jpg

Imagem: Carlos Zardo/WhatsApp

10. Por fim, você consegue prever algumas tendências atuais que as futuras HQ's podem abordar? 

 

R: As histórias atuais apresentam muita dificuldade para trazer novidades, e a sensação que tenho é a de que tudo que já foi possível abordar, já foi abordado. Problemas políticos, guerras interiores, invasões alienígenas e por aí vai. 

 

Algumas histórias ainda cometem o erro de ressuscitar personagens que na minha opinião deveriam permanecer mortos. É o caso, por exemplo, do Jason Todd, o segundo Robin das HQs e que encerra o seu arco sendo brutalmente assassinado pelo Coringa

 

Tudo bem que ele agora é o Capuz Vermelho, um personagem interessante. Mas qual é o sentido de fazer isso? Por que, ao invés de ressuscitá-lo, não foram dadas chances para novos personagens, com novas histórias e objetivos

 

Acredito que seja importante para as HQs implementarem uma variação cada vez maior de etnias e de gêneros, para que justamente não existam apenas heróis como eu: homens, brancos e héteros. 

 

Eu consigo ainda vislumbrar uma forte abordagem do "feminino" nas próximas edições de HQs, sejam elas da Marvel ou DC. Desta forma, personagens como Mulher-Maravilha, Arlequina e Viúva Negra, muito por conta dos filmes recentemente produzidos e que as envolveram, devem ganhar maior destaque

 

Infelizmente, o mundo das HQs ainda é muito masculino, mas prevejo um equilíbrio cada vez maior acontecendo. 

 

O ideal então, finalizando o raciocínio, é que se produzam novas histórias, com novos protagonistas, e que estes protagonistas sejam os novos responsáveis por trazer um novo público ao mundo dos quadrinhos, que corre o risco de saturar

Gostou da entrevista? Deixe sua opinião nos comentários! 

 

Sugestões para um próximo convidado também são bem-vindas, e será um prazer para a equipe do Nerd Break ler quais serão as suas indicações! 

 

Caso também queira acompanhar o Zardo nas redes sociais, este é o seu Instagram: @czardo

CONTATO
  • Twitter
  • Instagram

@onerdbreak

@onerdbreak

© 2021 por Marketing Digital. Orgulhosamente criado com Wix.com

bottom of page