
DC VS MARVEL: UMA RELAÇÃO ANTAGÔNICA, MAS COMPLEMENTAR
Entenda a relação dessas duas editoras que se amam e odeiam ao mesmo tempo. .
Por Vitor Marques

A DC Comics foi fundada no ano de 1934, ainda sob o nome de National Publications. Em junho de 1938, na primeira edição da revista em quadrinhos Action Comics - uma empresa ligada à DC - foi publicada a primeira história do Super-Homem, criado por Joe Shuster e Jerry Siegel.
Onze meses depois, em maio de 1939, na vigésima sétima edição da Detective Comics - outra empresa ligada à DC - houve a primeira aparição do Batman, herói criado por Bob Kane e Bill Finger.
Nos anos seguintes, ambos viriam a se tornar os maiores símbolos da editora, mesmo com outros tantos super-heróis que viriam a ser criados posteriormente pela DC.

Imagem: DC Comics
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Imagem: DC Comics
Já a Marvel Comics foi fundada no ano de 1939, ainda sob o nome de Timely Comics. Em março de 1941, quando o mundo ocidental era ameaçado pelas forças do Eixo devido à Segunda Guerra Mundial (1939-1945), surgiu o Capitão América, criado por Joe Simon e Jack Kirby.
Concebido como um super-herói patriótico que luta contra as potências do Eixo, sua primeira aparição se deu em "Captain America Comics #1". A capa desta edição, inclusive, é muito conhecida por mostrar o herói nocauteando Adolf Hitler, até então líder e ditador da Alemanha Nazista.
Apesar disso, com o fim dos conflitos armados, a popularidade do Capitão América caiu, com as vendas dos seus quadrinhos sendo até mesmo interrompidas em 1950. Contudo, a partir da década de 60, ele seria reintroduzido ao Universo Marvel.
Neste meio tempo, alguns outros nomes puderam surgir na editora, que após ter sido renomeada para Atlas Comics, agora finalmente se chamava Marvel Comics.
Em agosto de 1962, na décima quinta edição da Fantasy Comics - uma antologia de histórias em quadrinhos publicada pela Marvel - apareceu pela primeira vez o super-herói Homem-Aranha, criado por Steve Ditko e pelo lendário Stan Lee, que também viria a criar tantos outros heróis para a editora.
Nenhum, porém, superou a popularidade do Amigão da Vizinhança, que permanece até hoje como um dos personagens de HQs mais populares de todos os tempos.

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Imagem: Marvel Comics
Imagem: Marvel Comics
Mas e hoje em dia, quem é a melhor na produção de HQs?
Passadas algumas décadas, tanto Marvel quanto DC se firmaram como as duas maiores representantes das editoras de histórias em quadrinhos. Porém, para quem acompanha as histórias publicadas por ambas como um leitor, não há necessidade de eleger qual delas é a melhor.
É o caso de Carlos Frezzatti, o entrevistado desta matéria. O músico e compositor de 21 anos alega que o primeiro arco que leu nos quadrinhos foi "Ultimate Spider-Man", quando tinha por volta de uns 11 anos.
Apesar disso, Carlos também ressalta que muitas de suas HQs favoritas apresentam o selo Vertigo, que pertence à DC e se direciona a um público mais adulto. Exemplos de publicações deste selo são Sandman, Monstro do Pântano e V de Vingança.
Sendo assim, baseado no que foi dito pelo entrevistado, não é possível dizer qual delas é a melhor, visto que tanto Marvel quanto DC produzem materiais que podem agradar um mesmo público.
As duas evoluíram com o tempo?
Talvez a pergunta correta não seja aquela que se relacione com os conteúdos das histórias publicadas pelas editoras, e sim aquela que se conecte com a nossa própria evolução como sociedade.

Como lembrado por Carlos, a Marvel já vem tomando atitudes neste sentido há algumas décadas, justamente com os mutantes mais famosos do mundo:
"Os X-Men podem ser considerados uma espécie de metáfora para a questão racial que tomava conta do debate público norte-americano na década de 60. O Professor Xavier, tendo em vista o seus ideais, seria uma referência a Martin Luther King Jr., enquanto o Magneto seria uma referência a Malcom X".
Em relação à DC, o exemplo é mais recente. Em uma notícia divulgada no dia 10 de outubro, foi revelado que Jon Kent, filho do Clark Kent (Super-Homem), será bissexual nas novas HQs.

Imagem: Reprodução/DC Comics
De acordo com Tom Taylor, o escritor deste novo arco do herói, "substituir Clark por um outro cara hétero e branco seria um desperdício. Todo mundo precisa de heróis e todo mundo merece ver a si mesmo em seus heróis. Hoje, o Superman, o herói mais forte do planeta, está se assumindo".
Perguntado sobre esta questão, Carlos demonstrou uma opinião parecida: "O mundo está mudando, e é natural que isso se reflita na arte. Diversidade é sempre algo positivo, mas é claro que quando falamos de uma HQ, o desenvolvimento dos personagens, assim como o enredo da trama, vêm sempre em primeiro lugar".
E ele ainda completou: "Posso afirmar que essas lutas e causas sempre serão abordadas nas HQs, já que sempre foram ao longo dos anos".
E quanto aos filmes? Há uma soberania de uma perante a outra?
Neste caso, também não é possível obter uma resposta certa. É claro que analisando através de aspectos financeiros, a Marvel está à frente. Contudo, como as adaptações audiovisuais provém das HQs, tudo passa a ser uma questão de gosto e opinião.
Porém, a presença cada vez maior de super-heróis nas salas de cinema faz com que também ocorra um efeito de influência contrário. Ou seja, os filmes de super-herói podem também acabar influenciando as histórias das HQs.
Para Carlos, inclusive, isso já é uma realidade: "Já há, inclusive, mudanças nos visuais e personalidades dos personagens de HQ's, seguindo o padrão pré-estabelecido pelos filmes exibidos nos cinemas. A razão mais plausível para isso é o aumento do interesse das pessoas por quadrinhos, que é gerado pelo consumo dos filmes".
Diferentes, porém iguais
Para concluir, Marvel e DC constituem uma rivalidade que se assemelha a tantas outras espalhadas pelo mundo. Elas simulam uma oposição radical, em que cada traço que caracteriza uma editora não está presente na outra.
Apesar disso, os passos de suas trajetórias se assemelham, principalmente em questões que deixam de lado a boba rivalidade e expressam o avanço de nossa sociedade:
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A pluralidade de gênero;
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A pluralidade racial;
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O combate a problemas sociais;
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A crítica direcionada a determinadas estruturas políticas;
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A inclusão de personagens LGBTQIA+.
E como se já não vislumbrássemos o cenário explícito, nós também já sabemos a resposta óbvia, que é:
Marvel e DC fingem ser adversárias, enquanto secretamente se amam. Pois sabem que caso uma deixe de existir, dificilmente a outra se manterá de pé.
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