
O ADEUS DIGNO E MELANCÓLICO A MAIS UM JAMES BOND
O novo filme do 007 marca a despedida de Daniel Craig do papel após cinco filmes, deixando dúvidas sobre quem será o seu sucessor.
Por Vitor Marques

AVISO: esta crítica contém SPOILERS de 007 - Sem Tempo Para Morrer
James Bond, também conhecido como 007, é um personagem fictício que trabalha para o serviço de espionagem britânico MI-6.
Ele foi criado pelo militar, escritor e jornalista britânico Ian Fleming (1908-1964), no ano de 1953.
Seu sucesso no mundo literário fez com que migrasse aos cinemas na década seguinte, com o lançamento de "007 Contra o Satânico Dr. No", filme de 1962 e que apresenta Sean Connery no papel do agente.
Desde então, ao longo de quase seis décadas, o personagem protagonizou 25 filmes e contou com seis atores o interpretando (Sean Connery, George Lazenby, Roger Moore, Timothy Dalton, Pierce Brosnan e Daniel Craig).
Seu último filme, lançado no dia 30 de setembro e com o título de "007 - Sem Tempo Para Morrer", marca a despedida de Daniel Craig do papel e deixa dúvidas quanto a um futuro substituto.
Afinal de contas, quem será o próximo James Bond?
Qual é a história do filme?
Dirigido por Cary Joji Fukunaga (Beasts of No Nation), "007 - Sem Tempo Para Morrer" é uma sequência direta dos eventos do filme anterior, "007 - Contra Spectre", lançado em 2015.
Seu início se dá por meio de um flashback tenso e surpreendente, em que somos apresentados ao passado da Dra. Madeleine Swann, psicoterapeuta interpretada pela francesa Léa Seydoux (Azul é a Cor Mais Quente).
Neste mesmo flashback, somos ainda introduzidos ao novo vilão de Bond, Safin, interpretado pelo norte-americano Rami Malek (Bohemian Rhapsody).
Após essa introdução, há uma passagem temporal que nos leva diretamente aos momentos atuais da franquia, em que James e Madeleine vivem como um casal apaixonado na Itália.
Entretanto, não seria um filme de James Bond caso tudo só desse certo. Dito e feito, já que após o filme nos conceder alguns breves momentos românticos, toda a ação característica dos filmes do agente britânico volta com muita força.
Tiros, explosões, perseguições de carro e um trabalho muito eficiente de espionagem são alguns dos elementos já com presença garantida nas aventuras de James Bond, mas que não deixam de se aprimorar e melhorar a cada nova produção.
Quanto aos pontos positivos da trama, vale destacar as presenças femininas dentro do filme, que exercem forte influência na ação e no auxílio a James Bond na solução de problemas. Dessas presenças, duas já haviam aparecido em filmes anteriores da franquia, e outras duas fizeram suas primeiras aparições.
Quais são as fortes presenças femininas que já apareceram em outros filmes?
A primeira presença merecedora de destaque é Madeleine, que consegue demonstrar um ótimo amadurecimento frente aos traumas que enfrentou quando criança. Sua transformação em uma mulher calma e madura é bem feita, enquanto a trama do filme tenta tirá-la constantemente do seu eixo.
Divulgação/Universal Pictures Brasil
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Madeleine Swann (Imagem: Reprodução/Universal Studios)
A segunda é a figura de Miss Moneypenny, interpretada pela atriz Naomie Harris (Rampage). Ela trabalha como a assistente de M, o líder do MI-6 interpretado por Ralph Fiennes (O Paciente Inglês).
Sua participação dentro do gabinete da organização britânica garante uma boa dinâmica com o restante dos personagens homens daquele núcleo, como Bill Tanner e Q.
Bill Tanner, interpretado pelo ator Rory Kinnear (Black Mirror), atua como chefe de gabinete de M. Já Q, interpretado por Ben Whishaw (A Garota Dinamarquesa), é responsável pela produção de novas tecnologias utilizadas pelos agentes do MI-6.
O quarteto formado por Miss Moneypenny, Bill Tanner, Q e M funciona muito bem dentro da proposta "assistencialista" destinada aos quatro, garantindo até mesmo alguns momentos cômicos e mais leves dentro do filme.
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Miss Moneypenny (Imagem: Reprodução/Universal Studios)
E quais são as presenças femininas estreantes?
A primeira é Nomi, que no longa é apresentada como a nova "007", visto que Bond se aposentou ao final do último filme.
Interpretada por Lashana Lynch (Capitã Marvel), a personagem inicialmente se apresenta como uma possível adversária de Bond, o que se reflete na visível e engraçada disputa de egos entre os dois.
Contudo, ao longo do filme, é possível presenciar uma evolução na personagem, que abandona a arrogância inicial para deixar transparecer um lado mais humilde e cooperativo junto de James Bond.
Já a segunda estreante possui presença rápida, mas intensa. Trata-se de Paloma, personagem interpretada pela atriz cubana Ana de Armas (Entre Facas e Segredos).
Curiosamente, a personagem também é cubana, e acompanha James Bond em uma missão no país para entender os objetivos da organização Spectre, a principal vilã da franquia estrelada por Daniel Craig.
Sua personalidade agitada e inquieta, que se une à uma agilidade incrível e surpreendente na ação, faz com que sua breve presença no filme seja marcante e nos desperte uma maior curiosidade de vê-la no futuro.
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Nomi (Imagem: Reprodução/Universal Studios)
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Paloma (Imagem: Reprodução/Universal Studios)
O que não foi bom?
Apesar disso, nem tudo no filme é bem desenvolvido ou bem executado. E dentro deste conjunto, está inserido o vilão Safin.
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Safin, o vilão do filme (Imagem: Reprodução/Universal Studios)
Com um passado que nos é apresentado ao longo do segundo ato, o personagem não consegue se sustentar por muito tempo, prendendo-se a diálogos previsíveis, cansativos e clichês.
O mesmo ocorre com o vilão do filme anterior, Ernst Stavro Blofeld, interpretado pelo austríaco Christoph Waltz (Django Livre). Preso desde o final do último filme, os poucos minutos de tela do personagem não são suficientes para causar algum impacto, ou mesmo compensar o talento do ator que o interpreta.
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Ernst Stravo Blefold, o vilão do filme anterior (Imagem: Reprodução/Universal Studios)
A conclusão de um legado
Por fim, cabe ressaltar a performance de Daniel Craig, que interpretando James Bond pela última vez, demonstra toda a firmeza e segurança que o mantiveram neste papel por cinco filmes.
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Trata-se agora de um homem que apesar de manter a sensualidade e o carisma característicos, já deseja pôr um ponto final em sua história, o que é realizado de forma satisfatória.
Além de deixar uma filha, este James Bond também se despede da franquia com um legado bom o suficiente para ser lembrado, e uma morte que se assemelha a de grandes heróis do cinema.
"Eu sei". Esta foi a sua última frase antes de morrer tomado pelas chamas de mísseis lançados pela Marinha Britânica, que destruíram a ilha em que estava e evitaram os planos do vilão Safin, cuja intenção era lançar globalmente Héracles, uma arma biológica baseada em DNA contendo nanorrobôs que têm como alvo pessoas específicas.
"Eu sei". Esta foi a sua última frase antes de se tornar o primeiro James Bond a morrer no cinema. Mas também o primeiro a enfrentar o seu destino cruel em paz.
E isso, nós sempre saberemos!
NOTA: 3,5 / 5,0
Confira o TRAILER do filme abaixo:
Trailer -> 007 – SEM TEMPO PARA MORRER | Trailer Final Legendado
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